Artigo escrito por Maurício Bianchini, gerente de Desenvolvimento Técnico de Mercado da Votorantim Cimentos
A industrialização não é apenas uma revolução na construção civil — é uma necessidade urgente. Ainda dependemos fortemente de métodos artesanais, mesmo diante da crescente escassez de mão de obra qualificada. Por isso, é essencial migrar a maior quantidade possível de processos do canteiro para ambientes industrializados, em busca de ganhos reais de produtividade.
Essa transformação exige integração. Cada elo da cadeia precisa colaborar. Na Votorantim Cimentos, por exemplo, desenvolvemos concretos com resistências mais elevadas, permitindo a redução de materiais empregados na obra e, assim, otimizando os processos construtivos .
Também temos um compromisso sólido com a sustentabilidade. Na produção de cimentos, atuamos estrategicamente para reduzir as emissões de CO2, diminuir a demanda energética, o consumo de clínquer e ampliar o uso de adições. Tudo isso com responsabilidade: cada nova formulação de cimento é rigorosamente avaliada para garantir o desempenho dos produtos dos nossos clientes.
Nosso trabalho é guiado por soluções específicas para cada segmento — pré-fabricados, fabricantes de argamassa, fibra de cimento e concreteiras. Atuamos junto a construtoras e produtores de concreto no desenvolvimento de soluções que promovam mais integração e eficiência em toda a cadeia da construção.
Argamassa industrializada: eficiência que transforma o canteiro de obras
Comparar a argamassa industrializada com a produzida em obra é contrastar realidades distintas. Produzir argamassa exige conhecimento técnico. Ao optar por soluções industrializadas, temos um produto certificado, desenvolvido com foco na necessidade do construtor, com propriedades bem definidas. A responsabilidade pela qualidade deixa de ser do pedreiro e passa a ser de um processo confiável e padronizado.
Além da qualidade, os ganhos de produtividade são significativos. O sistema Matrix, da Votorantim Cimentos, entrega argamassa a granel, transportada por caminhões e armazenada em silos no canteiro de obra. A argamassa é bombeada até o pavimento com dosagem automática de água, garantindo consistência ideal. Em alguns casos, pode ser projetada diretamente na parede por apenas uma pessoa — um salto em eficiência.
No caso de obras menores, por exemplo, temos a argamassa ensacada. Ela elimina a mistura manual de areia, cal e cimento, otimizando o uso da mão de obra.
Outro diferencial é a sustentabilidade. A produção em obra emite muito mais CO2. Estudos mostram que a argamassa industrializada pode reduzir essas emissões em até 68% e economizar cerca de 30% de água graças a aditivos especiais.
Trata-se de uma solução que entrega mais qualidade, produtividade e sustentabilidade — sem exigir novos materiais ou tecnologias complexas. Basta mudar o processo. É uma inovação acessível e pronta para ser adotada.
Pré-moldados de concreto: precisão, durabilidade e menor impacto ambiental
Os pré-moldados de concreto contribuem significativamente para a redução do impacto ambiental. Produzidos em ambiente industrial, oferecem precisão e controle de qualidade superiores aos das estruturas moldadas in loco, reduzindo desperdícios e aumentando a eficiência em todas as etapas da obra.
No canteiro, há incertezas: a vibração foi adequada? A cura foi uniforme? Já no sistema pré-fabricado, esses processos são rigorosamente controlados, permitindo otimizar o dimensionamento das estruturas e reduzir o uso de concreto e aço graças à confiabilidade do processo industrial.
A durabilidade também é um diferencial. Como precisam ser movimentadas e transportadas, as peças são projetadas com resistências finais mais altas, resultando em concretos menos porosos, mais resistentes a agentes agressivos e com maior vida útil.
Paredes de concreto: velocidade, qualidade e evolução contínua
O sistema de paredes de concreto é altamente eficiente para a construção de edifícios, unindo velocidade, qualidade e racionalização de recursos. Em comparação ao método convencional, permite executar um andar por dia com fôrmas metálicas de alta precisão, reduzindo erros e eliminando ajustes manuais.
Outro diferencial é a integração das instalações elétricas e hidráulicas com kits pré-montados, posicionados antes da concretagem, eliminando etapas de corte e enchimento.
A padronização também é um ganho importante. Com variações dimensionais mínimas, é possível aplicar revestimentos mais finos, com tecnologias modernas que dispensam correções comuns na alvenaria, reduzindo o consumo de materiais.
Por fim, o impacto na habitação de interesse social é expressivo. A produção seriada, com menos desperdício e maior previsibilidade, torna o sistema estratégico para enfrentar o déficit habitacional. Sua adoção tem crescido no Brasil — e deve continuar contribuindo para edificações mais acessíveis, duráveis e bem construídas.
➞ Para saber mais, confira aqui o episódio do podcast Diálogos VC sobre a industrialização da construção civil.