
O município de Paulista (PE), localizado na região metropolitana de Recife, possui um patrimônio natural de relevância internacional. O nordeste brasileiro, quem diria, não só possui belas praias, como mantém em seu solo registros de um dos mais importantes eventos da história da Terra: o fim da era dos dinossauros.
O município de Paulista (PE), localizado na região metropolitana de Recife, possui um patrimônio natural de relevância internacional. O nordeste brasileiro, quem diria, não só possui belas praias, como mantém em seu solo registros de um dos mais importantes eventos da história da Terra: o fim da era dos dinossauros.
A marca desse acontecimento foi encontrada na área de mineração da Votorantim Cimentos e estudada e conservada desde então. Com o apoio de parceiros, como os pesquisadores Gilberto Albertão e Paulo Martins, que descobriram em 1993 os registros deixados pelo impacto de um meteoro que provocou uma extinção em massa, e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que através de professores, alunos e pesquisadores do Departamento de Geologia estudam a Mina Poty desde meados do século XX, com ênfase nas questões paleontológicas. No local, já foram descobertos fósseis de espécies de crocodilo e de tartaruga que viveram na costa do nordeste brasileiro há 62 milhões de anos.
Com aproximadamente 65 mil metros quadrados, o espaço dividido em 4 exposições geológicas, foi denominado Geossítio K-Pg Mina Poty e pode ser visitado para estudo de universitários e pesquisadores, proporcionando a oportunidade do conhecimento sobre a rica história geológica que Paulista abriga. O geossítio também fomenta e impulsiona a formação de novas parceiras para intensificar as pesquisas científicas.
O nome Geossítio K-Pg Mina Poty em referência ao Limite K-Pg, que demarca o fim do período do tempo geológico Cretáceo (K) e início do Paleógeno (Pg), causado pela queda de um meteoro no Golfo do México. O impacto, ocorrido há aproximadamente 66 milhões de anos, provocou mudanças ambientais e episódio de extinção em massa. Estima-se que de 64% a 85% de todas as espécies, nos biomas marinhos e terrestres, incluindo os dinossauros, desapareceram com a queda do meteoro.
“Com a abertura do Geossítio K-Pg Mina Poty, a Votorantim Cimentos proporcionará a pesquisadores e estudantes universitários a continuidade de atividades voltadas ao aproveitamento racional dos recursos da natureza, possibilitando escrever os próximos capítulos da história da Terra. É ainda uma oportunidade única para estreitar o relacionamento com a comunidade do município de Paulista, que serão convidados a participar, por meio de atividades educativas, da conservação deste patrimônio”, afirmou Alexandre Galliza, gerente da Unidade Poty Paulista.
O Geossítio K-Pg Mina Poty é exemplo de como é possível estabelecer medidas que conciliam as atuais atividades minerárias existentes na Unidade Poty Paulista com as medidas de conservação do patrimônio geológico, bem como a promoção do seu uso de caráter científico e educativo. Esta iniciativa mostra como o compromisso da geoconservação e do desenvolvimento sustentável podem ocorrer de forma integrada aos objetivos da indústria mineral.
Visita ao Geossítio K-Pg Mina Poty
O geossítio K-Pg Mina Poty está aberto às visitas no período de novembro a abril, que corresponde a estação de clima seco na região.
O geossítio foi preparado para receber dois tipos de visitas técnicas:
Visitas Educativas: o público desta visita compreende professores e estudantes universitários ou tecnólogos, profissionais em visitas técnicas de congressos, simpósios e associações, que estejam desenvolvendo uma atividade de campo no domínio do ensino em geociências. Essas visitas ocorrem preferencialmente nas terças e quintas-feiras, sempre no período da manhã (com duração de 3h) e comportam grupos de no máximo 30 visitantes.
Visitas Científicas: o público desta visita compreende profissionais e estudantes de pós-graduação que estejam desenvolvendo pesquisa sobre temas correlatos ao Geossítio K-Pg Mina Poty. O período, duração e número de visitantes destas visitas são variáveis e devem ser acordados com os gestores do geossítio por e-mail.
As visitas devem ser agendadas previamente pelo e-mail geossitio.poty@vcimentos.com, sendo a educativa com no mínimo 30 dias de antecedência e a científica com 60 dias.
Abaixo serão apresentadas algumas regras gerais de visita ao Geossítio K-Pg Mina Poty:
– Respeite os prazos e etapas no processo de agendamento da visita.
– Todas as regras de segurança do local devem ser obedecidas.
– Seja pontual no dia da visita ao geossítio. Início às 9h00 na portaria da Unidade Poty Paulista e término às 12h00, totalizando 3 horas de visita educativa.
– O visitante deverá utilizar calçado fechado (sem salto), calça e camiseta com mangas (curtas ou longas). Não será permitida a entrada de visitante com roupa e calçado inadequado.
– Durante a visita ao geossítio é obrigatório o uso de equipamento de proteção individual – EPI (capacete, óculos de segurança e colete de sinalização), que será fornecido pela Unidade Poty Paulista. Use-os adequadamente e cuide deste material, pois outras pessoas usarão futuramente.
– O uso do protetor solar e hidratação durante toda a visita é aconselhado.
– É proibido o consumo de bebida alcoólica antes e durante a visita ao geossítio. Todos visitantes passarão por uma amostragem aleatória e, se for sorteado, deverá fazer o teste de alcoolemia antes da entrada. Esse processo é uma condicionante a entrada na Unidade Poty Paulista.
– Em caso de chuva forte 3 dias antes da visita agendada, por medidas preventivas de segurança, a atividade poderá ser cancelada.
Saiba Mais
A descoberta do Limite K-Pg na Mina Poty ocorreu durante uma pesquisa de mestrado em 1993.
Albertão, G.A. 1993. Abordagem interdisciplinar e epistemológica sobre as evidências do limite Cretáceo-Terciário, com base em leituras efetuadas no registro sedimentar das bacias da costa leste brasileira. Escola de Minas de Ouro Preto, MG, Brasil: Tese de Mestrado, 2 volumes, 251 p.
Volume 1 – Clique aqui para baixar o PDF
Volume 2 – Clique aqui para baixar o PDF
Em 2006 o sítio geológico é aceito e publicado pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos – SIGEP.
SIGEP 102 – Estratos Calcários da Pedreira Poty (Paulista), PE – Evidências de evento catastrófico no primeiro registro do limite K-T descrito na América do Sul. Autores: Gilberto Athayde Albertão e Paulo Pereira Martins Jr. (Fonte dos arquivos: Serviço Geológico do Brasil – CPRM)
Sobre o registro geológico do Limite K-Pg
– As rochas que vêm do espaço
– Nomenclatura de rochas carbonáticas
– Anomalias Geoquímicas, em particular irídio (Ir), Carbono Orgânico Total (COT) e Flúor (F)
– Limite ou Transição K-Pg? Uma discussão…
– Linha do tempo das pesquisas científicas
– Discussão sobre a energia liberada com o impacto
– Outras referências bibliográficas
Sobre os Fósseis da Mina Poty Paulista e do Estado de Pernambuco
Vertebrados, Invertebrados e Micropaleontologia e publicações relacionadas ao tema:
– Trabalho de Conclusão de Curso: Guia de identificação de macrofósseis – Pereira, P.A., 2006
– Dissertação de mestrado: Os vertebrados da Bacia da Paraíba (cretáceo superior-paleoceno), nordeste do Brasil – Silva, M.C., 2007
– Artigo: Vertebrados e paleoambientes do Neocretáceo-daniano da bacia da paraíba, Nordeste do brasil – Silva, M.C.; Barreto, A.M.F.; Carvalho, I.S; Carvalho, M.S.S., 2007
– Cartilha: Aprendendo Ciências com a Paleontologia e os Fósseis de Pernambuco. Barreto, A.M.F.; Ghilardi, A.M.; Duque, R. & Azevedo, J., 2014.
– Fósseis identificados na Mina Poty Paulista
– Guia de Identificação de Macrofósseis e Icnofósseis
– Os vertebrados da Bacia da Paraíba
– Vertebrados e paleoambientes do Neocretáceo-Daniano da Bacia da Paraíba
– Aprendendo Ciências com a Paleontologia e os Fósseis de Pernambuco
– A Paleontologia e os fósseis do Araripe Pernambucano
Painéis interpretativos instalados no Geossítio K-Pg Mina Poty
Concepção do Geossítio K-Pg Mina Poty
A concepção do Geossítio K-Pg Mina Poty envolveu diversos profissionais e instituições, em um processo complexo e desafiador, ao longo de quatro anos. Esta dedicação possibilitou o desenvolvimento de uma estratégia pioneira no Brasil que conciliou a conservação de patrimônio geológico em área mineração ativa, com o desenvolvimento do ensino e pesquisa em geociências, mostrando um compromisso com o desenvolvimento sustentável.
O grupo técnico que esteve envolvido no processo de criação do Geossítio K-Pg Mina Poty consistiu nos dois pesquisadores que propuseram o geossítio na SIGEP, Gilberto Athayde Albertão e Paulo Pereira Martins Jr. e representantes das seguintes instituições:
